CONTINUAÇÃO

Nos interessa sobretudo os últimos dois: Frate Sole Sorella Luna segundo a análise feita por Frei Lucio Saggioro, o diretor Franco Zeffirelli não tem a intenção de retratar São Francisco de Assis, mas pelo contrário, numa Europa em crise depois de 1968, com a queda dos valores, e o caos instaurado, onde todas as instituições tem que se refazer inclusive a própria Igreja faz os esforço de dar respostas. O diretor do filme procura oferecer uma resposta para os jovens da sua época, de crise e sem paradigmas que buscam uma resposta para a vida, e encontra em Francisco de Assis,  esse jovem contestador das estruturas, que vive seus dramas, e consegue superá-los sendo assim uma resposta para essa dificuldade da juventude daquele momento naquela conjuntura italiana.

Com certeza temos valores para colocar na balança não é tudo positivo, como também nem tudo se pode jogar fora. Muitos acusam o diretor de psicologismo, pacifismo bobo, e metafisismo, romantismo doce,  e ainda acima de tudo esse filme reforça a visão do Francisco namoradinho de Clara, e o ecologista, mas não podemos negar que esse filme virou um clássico noto que encantou gerações  inclusive de frades e freiras franciscanos, coisa que até então não aconteceu nenhuma outra vida de santo projetada no cinema, talvez possa perder para as vidas de Cristo do cinema, e do ponto de vista cenografico, fotográfico, colorido é simplesmente uma obra fantastica. É praticamente um espetaculo teatral adapatado ao cinema, o Francisco ali apresentado pode interessar a todas as pessoas.  Porém, muitas coisas não ficam claras, por exemplo, não fica evidente que Cristo e amor por Cristo e de consequência pelos pobres seja o centro da vida de Francisco.

O amor  que une Francisco e Clara, não fica claro que é o amor comum de ambos por Jesus Cristo e por vivê-lo de forma concreta numa opção de vida pelo Reino no seguimento em modo pleno do Crucificado. Parece que Jesus Cristo e os pobres são apenas consequências do processo iniciado que aparecem por acaso.

O jovem  Francisco que parece uma pessoa  desencarnada das realidades da vida, alheio a fé, aos problemas do cotidiano quase como voando, e  não aparece  o Francisco como um apaixonado por Cristo que é o ponto principal de Francisco de Assis, toda as suas opções são motivadas por viver uma vida com Jesus Cristo unido a Ele. Do ponto de vista tecnico pode ser considerado uma obra prima,  entre os melhores,  senão a  melhor de Franco Zeffirelli, do ponto de vista franciscano e dos valores franciscanos decididamente não, falta apresentar os valores fundamentais de um Francisco, apaixonado por Jesus Cristo que assume um estilo de vida novo por causa de Jesus e do seu Evangelho, que é comprometido com a vida e com os irmãos que não passa despercebido aos seus olhos os  sofrimentos dos seus irmãos, um homem verdadeiramente católico e apostólico, filho da Igreja e obediente a Ela, mesmo que não sendo Ela exatamente o que ele desejava, não se sente no direito de julgar porque é através da Igreja que se recebe Jesus Cristo e a Palavra de Deus, por isso sempre respeitou os sacerdotes, mas também o homem prático e do exemplo concreto deixa a desejar.

Frei Emerson Aparecido Rodrigues, ofmcap

Bibliografia básica:

BARAGLI E., Fratello sole sorella luna, in Rivista del Cinematografo, n. 7 luglio 1972, 356-357.
MICCOLI G., Francesco d’Assisi. Realtà e memoria di un’esperienza cristiana, Torino, 1991.
SAGGIORO L. , Francesco d’Assisi nella settima arte, Treviso, 2006.

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