Atire a primeira pedra! – Evangelho Comentado

sexta-feira, março 19, 2010

 

Antes de mais nada devemos esclarecer que o Frei Gilson Frede, capuchinho, nos fala do Dia do Pais celebrado no dia 19 de março, dia de São José. Neste dia é celebrado o Dia dos Pais, em Portugal. No Brasil, este dia é celebrado no segundo domingo do mês de agosto. Bem, vamos ao Evangelho deste domingo:

5° Domingo da Quaresma – EVANGELHO COMENTADO

Evangelho: (Jo 8, 1-11)

Jesus foi para o monte das Oliveiras. De manhã, voltou para o Templo. Todo o povo se juntou em torno dele. E ele, sentado, se pôs a ensinar. Então os escribas e fariseus trouxeram uma mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio do círculo e disseram a Jesus: "Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. Na Lei, Moisés nos manda apedrejar as adúlteras f; mas tu o que dizes?" Perguntavam isto para testá-lo, a fim de terem do que o acusar…

… Jesus, porém, inclinou-se e começou a escrever com o dedo no chão. Como insistissem em perguntar, ergueu-se e lhes disse: "Aquele de vós que estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra". E, inclinando-se de novo, continuou a escrever no chão. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos. Jesus ficou só, com a mulher que permanecia ali no meio. Erguendo-se, disse para a mulher: "Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?" Ela respondeu: "Ninguém, Senhor". Jesus lhe disse: "Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques".

COMENTÁRIO

Celebramos hoje o Quinto Domingo da Quaresma. No próximo domingo comemoramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, é o Domingo de Ramos. É a abertura da Semana Santa, quando estaremos celebrando os principais acontecimentos da nossa redenção.

Quaresma é tempo de conversão, oração, jejum e abstinência, mas é também tempo de meditar o amor de Deus Pai que tanto amou a humanidade, a ponto de dar o seu próprio Filho para salvá-la. Deus Filho, obediente ao Projeto de Salvação, assumiu a condição humana, foi julgado e condenado pelos homens.

Brincar de jurado, criticar e julgar são os passatempos preferidos do ser humano. O evangelho de hoje não é diferente. Mais uma vez, o Salvador é colocado a prova pelos fariseus e doutores da lei. A mulher adúltera é usada como argumento para testar Jesus e fazê-lo cair em contradição. Jesus porém, aproveita a oportunidade para mostrar que o amor de Deus não tem limites.

Importante ressaltar algumas coisas deste evangelho: João inicia dizendo que Jesus foi rezar no monte das Oliveiras. Habitualmente Jesus fazia isso. A oração estava presente em seu dia-a-dia. Primeiro preparou-se espiritualmente e depois voltou ao templo para ensinar.

A ação é complemento da oração. Esse exemplo de Jesus mostra que o trabalho deve ser precedido pela oração. Este gesto confirma suas palavras: "Nem só de pão vive o homem". A oração sem o gesto concreto não tem valor, assim como, as grandes obras filantrópicas são vazias sem a oração.

O objetivo dos fariseus era desmoralizar Jesus. Se ele perdoasse aquela mulher, poderiam acusá-lo de ir contra a lei e, se a condenasse, teriam um excelente argumento para comprovar que Jesus não era bem aquilo que diziam. Procuravam uma forma de mostrar que Jesus também tinha o seu lado cruel.

O evangelista frisa que Jesus agachou-se. Agachar-se e escrever no chão, significa isolar-se de tudo que está acontecendo ao redor, significa indiferença. Com essa atitude, Jesus quis demonstrar que não desejava se intrometer naquele julgamento, pois sabia das verdadeiras intenções daquelas pessoas.

Diante de tanta insistência para que opinasse a respeito, Jesus dá a resposta certa, apesar de não ser a esperada: "Quem estiver sem pecado, pode atirar a primeira pedra". Essas palavras tiveram o efeito de uma ducha super-gelada, mexeram com a consciência de cada um.

Nenhuma pedra foi atirada. Discretamente foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, talvez por acumularem mais pecados que os jovens. Jesus já nos avisou sobre os efeitos nocivos do pecado. Certamente essa mulher merecia punição, mas não pelas mãos de outros pecadores.

Jesus condena o pecado, mas perdoa o pecador, prega igualdade e justiça sem perder a mansidão. Não diz que não devem apedrejar, para não se por contra a lei, mas também não manda apedrejar, pois não veio para julgar, mas sim para recuperar o que estava perdido.

Jesus prega a igualdade e condena a justiça machista dos fariseus, branda demais para com os homens e extremamente rigorosa para com as mulheres. Ao dizer "Eu também não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais", Jesus resgata a dignidade da mulher, e mostra que o arrependimento é o preço do perdão, pois a misericórdia de Deus está acima dos nossos pecados.

(www.miliciadaimaculada.org.br  –  autor: Jorge Lorente)

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comentário(s)

  1. Galhardo da silva disse:

    1) Segundo a bíblia, em que momento da vida de Cristo fica claro que devemos nos confessar com o auxílio de um “intermediário” como um sacerdote por exemplo???? Tendo em vista que em João (14,6) Jesus deixa bem claro que ele é o caminho, a verdade e a vida, e que ninguém vai ao pai se não por ele… obrigado.

    2) Por que alguns de nós costumam fazer pedidos e oferendas para santos, sejam eles os casamenteiros, do bom conselho, das causas impossíveis e etc?? Se de acordo com a bíblia após a morte nada mais existe senão, Deus Pai, Deus filho “Jesus” e o Espírito Santo?? e que todos os mortos ressuscitarão ao som da voz de Cristo quando da sua vinda, tal como podemos constatar em: “A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados.” 1 Coríntios 15.52, então, de acordo com a bíblia, não seria um ato de paganismo acender uma vela para o que não nos pode ouvir ou socorrer sendo que estão todos mortos??? Deus ilumine a todos.!

  2. Frei Acílio Mender disse:

    Amigo Renato, O Senhor lhe dê sua Paz! Antes de mais, e em nome da equipa deste muito precioso site «Canto da Paz», o agradecimento por confiar em nós, nos visitar e nos expor as suas questões e dúvidas, e sempre à luz da Palavra de Deus. Mas também o pedido de desculpas por ainda não ter recebido a resposta desejada. Os questionamentos que o Renato nos apresenta prendem-se com duas realidades diferentes: o sacramento da Reconciliação (a confissão) e a intercessão dos santos. Antes de mais, permita que lhe recorde um princípio muito importante: a Palavra de Deus não se limita ao que se encontra escrito na Bíblia. Deus continua a falar-nos de muitos modos: pela vida, pelo grito dos empobrecidos, pela sabedoria dos contemplativos, pela autoridade dos que nos orientam e governam em nome do bem comum, pelos sinais dos tempos, pelas manifestações da mãe natureza, pelo diálogo com os irmãos… Como vê, a Palavra de Deus «precede» e «excede» a Bíblia, na feliz expressão da Mensagem ao Povo de Deus do Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. No centro da nossa fé não estão livros. Está uma pessoa: Jesus Cristo. Nenhum livro, por mais sagrado que seja, pode esgotar as manifestações de Deus! Embora noutro contexto, Paulo de Tarso, o grande apaixonado de Cristo e destemido apóstolo do seu Evangelho, proclama com desassombro: «A palavra de Deus não pode ser acorrentada» (2 Tm 2,9). Daí, a necessidade de cada manhã nos colocarmos como humildes discípulos na escuta da Palavra do Mestre, o único que tem «palavras de vida eterna» (Jo 6,68). Na Igreja Católica sempre se valorizou a Revelação (a Bíblia) e a Tradição viva da Igreja. São séculos, milénios de vida segundo o Espírito, perscrutando o Evangelho do Senhor Jesus e testemunhando-o com a vida e o ensino. Tendo em conta estes princípios, uma reflexão sobre o seu primeiro questionamento: «Em que momento da vida de Cristo fica claro que devemos nos confessar com o auxílio de um “intermediário” como um sacerdote por exemplo». A Igreja, como comunidade de discípulos e apóstolos, está chamada a viver hoje as opções, atitudes e sentimentos de Jesus Cristo, «o Caminho, a Verdade e a Vida» (Jo 14,6) – como o Renato muito bem proclama. As acções sacramentais da Igreja, como o sacramento da Penitência ou da Reconciliação, mais não querem ser do que actualizar hoje a vida, a entrega e o mandato de Jesus. Neste caso, perdoar os pecados «em nome do Pai e do Filho e do Espírito» – como a fórmula sacramental refere. Repare que o sacerdote não age em nome próprio, mas na pessoa de Cristo. Quando o sacerdote baptiza, é Cristo quem baptiza; quando o sacerdote perdoa os pecados, é a própria Trindade Santíssima que nos envolve com seu manto de misericórdia e nos cobre de beijos e convida à festa da aliança (cf. Lc 15,11-37). Embora não possamos agarrar-nos nunca a uma palavra ou frase isolada da Sagrada Escritura, deixo-lhe esta prenda pascal. No próprio Domingo da Ressurreição, o Senhor Jesus diz aos seus discípulos, daquele tempo e de todos os tempos: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.» (Jo 20,22-23) Finalmente, o seu segundo questionamento: «Por que alguns de nós costumam fazer pedidos e oferendas para santos, sejam eles os casamenteiros, do bom conselho, das causas impossíveis e etc.?» O Renato diz muito bem: trata-se de um «costume», aliás uma prática comum e habitual em todas as religiões. De todos os tempos. Embora o Cristianismo não seja propriamente uma religião, têm algumas manifestações da religiosidade dos povos ao longo das gerações. O Renato fala-nos de uma práxis que urge evangelizar, que deve receber a boa notícia do Evangelho de Jesus Cristo. Devemos tomar consciência que só Jesus é o Salvador universal. Ninguém se salva por suas obras ou práticas religiosas ou «cunhas» que possa «meter» a algum santo da sua devoção. Não nos salvamos por sermos bons. Salvamo-nos porque Deus é bom! Eternamente bom e fiel! Só o Pai é fonte de vida, de santidade, de verdade, de beleza, de amor, de saúde, de salvação (em latim, saúde e salvação têm o mesmo étimo: salus, salutis). Só o Pai é o «Santo» das causas perdidas e impossíveis. A maior destas causas foi a morte do seu amado Filho, às mãos de uma religião viciada e hipócrita (Farisaísmo Judaico) e uma política corrupta (Império Romano). Ao terceiro dia, o Pai estoirou com sepulcros de morte e estruturas de injustiça e ressuscitou Jesus, o seu Filho muito querido. E Nossa Senhora? E São José? E São Francisco de Assis? E o exército de santos, apóstolos, mártires de todos os tempos? Vivemos hoje numa sociedade da globalização e de solidariedade. No Credo professamos: «Creio na comunhão dos santos». É uma forma de globalização e de solidariedade. Depois da Ressurreição de Cristo e da sua gloriosa Ascensão, no Céu não vivem apenas o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Jesus Cristo, o Cordeiro imolado e vencedor, é seguido por aquela «enorme multidão que ninguém pode contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas» que João nos descreve no Apocalipse (Ap 7, 9ss).
    Na Liturgia da Eucaristia –a grande escola de fé, de oração e de vida – há um Prefácio dos Santos em que nós louvamos e bendizemos o Senhor em todo o tempo e lugar, porque: «na sua vida dais-nos um exemplo, na comunhão com eles uma família, e na sua intercessão um auxílio». Exemplo, família e auxílio – três dimensões fundamentais na nossa relação com os santos e as santas de Deus. Um exemplo de fidelidade ao Evangelho e entrega aos irmãos; uma família de gente feliz e generosa à qual temos muito orgulho em pertencer a partir do nosso Baptismo: um auxílio nas dificuldades e provas com que a vida nos surpreende. Que o Espírito do Senhor purifique em nosso coração e na nossa inteligência ideias e práticas que soam a paganismo. Insisto. Urge evangelizar a nossa relação com os santos! Só Jesus é a «porta» e o «porteiro» (cf. Jo 10, 7-18) que nos conduz a pastagens de vida em abundância. Mas hoje precisa de pastores que estejam dispostos a servir e a dar a vida pelos irmãos. Só Jesus deu o «vinho melhor» nas Bodas de Caná, trazendo alegria e festa àqueles noivos; mas aceitou a indicação solícita e solidária de sua Mãe: «Não têm vinho!» (Jo 2,3). Obrigado, Renato, pelas suas dúvidas, em ordem a mais sabedoria e mais sabor na vida cristã. Termino, invocando sobre si e sobre quantos lhe são queridos a graça do Senhor Ressuscitado, com as palavras com que Francisco de Assis abençoa os seus irmãos, servindo-se da bênção aarónica: «O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te favoreça! O Senhor volte para ti a sua face e te dê a paz!» (Nm 6,24-26). **** Fátima, 20 de Março de 2010 **** frei Acílio Mendes **** franciscano capuchinho **** Portugal.

  3. Conceição Olavo disse:

    “Jesus resgata a dignidade da mulher, e mostra que o arrependimento é o preço do perdão, pois a misericórdia de Deus está acima dos nossos pecados”
    Jesus é mesericordioso, mas também é firme, quando diz: Vá e não peques mais! Ouçamos com o coração o que Ele diz! Vamos seguir em frente reconstruindo e melhorando o nosso modo de agir! Abraços fraternos! Conceição Olavo

  4. joao freitas disse:

    Orgulho-me de ter esse site pois me ajuda a compreender mais profundamente o evangelho de Cristo nosso Salvadosr. Aquilo que antes eram misterios para mim mas hoge com esses oferecimentos de reflecao enriquece as minhas experiencias e continuando a conduzir para uma fe digna e verdadeira. Exploro muito varios conhecimentos espirituais e sei que o AMOR de Deus por meio de Cristo e imensuravel. AMEM. Boa PASCOA para meus irmaos e minhas irmas em Cristo Jesus. Joao Freitas

  5. Temos que atirar pedra,um no outro,todos somos pecadores,por mais que estamos seguindo Jesus.Ele não falou que Ele veio para os doentes?Amém.Shalom.

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