12. Santo Antônio de Pádua ou de Lisboa?

sexta-feira, setembro 29, 2006

Desde 1140 que D. Afonso Henriques, o primeiro rei de Portugal, tentava a conquista de Lisboa dos Mouros, feito que só teve êxito sete anos depois, em 1147, após um prolongado cerco imposto aos aguerridos Almóadas e com o oportuno apoio dos Cruzados…

Lisboa era uma cidade recém-cristã, quando o menino Fernando Martins de Bulhões (Santo António) foi batizado na sua catedral. Era filho da fidalga D. Teresa Tavera, descendente de Fruela, rei das Astúrias e de seu marido Martinho ou Martins de Bulhões… Viviam em casa própria no bairro da Sé quando o recém-nascido veio a este mundo, no ano de 1145, embora alguns apontem como data de nascimento 1190 ou 1191.

Fernando frequentou a escola da Sé e até aos 15 anos viveu com os pais e com uma irmã de nome Maria. Aos 20 anos professou nos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em Lisboa, no Mosteiro de São Vicente de Fora. Nesta ordem monástica prosseguiu os seus estudos teológicos.

Rumou para o mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, onde tinha à sua disposição a melhor biblioteca monacal do País. Nesse tempo era a abadia de Cluny, na França, que possuía uma das maiores bibliotecas da Europa, com um total de 570 volumes manuscritos, porque ainda não tinha sido inventada a imprensa. Em Coimbra, sendo já sacerdote, tomou o hábito de franciscano, em 1220. Segundo os seus biógrafos, Santo António terá lido muito, e não foi por acaso que se tornaria pregador.

O mundo cristão vivia intensamente a época das Cruzadas. A chamada «guerra santa»… De Oriente a Ocidente os exércitos batalham, e neste turbilhão surgiram novas formas de espiritualidade. Em 1209 Francisco de Assis abandona o conforto e luxo da casa paterna, para, com outros companheiros, se recolher numa pequena comunidade, dando origem a uma nova forma de vivência do Evangelho. Em poucos anos, homens e mulheres, alguns ainda bem jovens, e filhos de famílias abastadas e poderosas sentem-se atraídos por esta vida de despojamento e sacrifício, com os olhos postos no exemplo de Cristo. A Portugal também chegaram ecos desta nova forma de vida.

Em Janeiro de 1220 são degolados no Marrocos, pelos muçulmanos, cinco frades menores franciscanos e todo o mundo cristão sofre um enorme abalado. A própria Santa Clara de Assis, praticamente da mesma idade que Santo António vai querer partir para o Marrocos, a fim de converter os sarracenos, mas Francisco de Assis não lho permite.

Os franciscanos martirizados, que haviam passado pelo convento dos Agostinianos, onde Santo Antonio se encontrava, agora retornam mortos. Isto o impressiona muito e, então, mesmo já ordenado padre, decide mudar de Ordem religiosa, passando a usar o hábito dos franciscanos.

É nesta ocasião que muda o nome de batismo de Fernando para António e vai viver com outros frades no ermitério de Santo Antão (ou António) dos Olivais, naquela época um pouco afastado de Coimbra.

Em meados de 1220 Santo António parte para Marrocos, movido pelo exemplo dos frades martirizados, pois também ele sente-se chamado a participar na conversão dos chamados infiéis. Porém, adoece gravemente, não podendo realizar o seu desejo. Assim, teve que embarcar de regresso a Lisboa.

Nesta viagem o barco onde ele se encontrava foi apanhado por uma tempestade. Com isso, o santo teve o seu itinerário alterado ao sabor de uma vontade superior, vindo a desembarcar na Sicília (Itália).

Em Maio de 1221 os franciscanos vão reunir-se no chamado Capítulo Geral da Ordem, onde Santo António está presente. No final os frades regressam às suas comunidades de Montepaolo, perto de Bolonha, onde, a par da vida contemplativa e de oração, cabe também tratarem das tarefas domésticas do convento. Aqui os outros frades reparam na grande modéstia daquele estrangeiro português, sem sequer suspeitar acerca de seus profundos conhecimentos teológicos. Findo aquele período de reflexão, como que um noviciado, os frades franciscanos são chamados à cidade de Forlì para serem ordenados e Santo António é escolhido para fazer a pregação. Por isso, começa a falar. Ninguém até ali havia percebido até que ponto ele era conhecedor das Escrituras e como a sua fé e os seus dotes oratórios eram invulgares.

Pelo que se sabe, quando começou a falar, imediatamente cativou os outros frades e a sua vida passou a ser, a partir daquele dia, a de pregador da palavra de Cristo. Por este motivo, percorrerá diversas regiões da atual Itália, entre 1223 e 1225. Por sugestão do próprio São Francisco torna-se mestre de Teologia em Bolonha, Montpelier e Toulouse.

Quando S. Francisco morre, em 1226, Santo António vai viver em Pádua (Itália). Ali começou a fazer sermões dominicais, lotando as igrejas onde falava. A multidão segue-o e começa a fama de que faz milagres.

O bispo de Óstia, mais tarde papa com o nome de Alexandre IV, pede-lhe que escreva sermões para os dias das principais festas religiosas. Mais tarde seria este papa a canonizá-lo.

Sentindo-se doente, o santo pede que o levem para Pádua, onde queria morrer, mas foi na trajetória, num pequeno convento de Clarissas, em Arcela, que Santo António «emigrou felizmente para as mansões dos espíritos celestes». Era o dia 13 de Junho de 1231.

Depois, como é sabido, foi canonizado, em 1232, menos de um ano após a sua morte. Caso único na história da Igreja Católica. Já que nem São Francisco de Assis teve tal privilégio.

O seu suntuoso sepulcro, em mármore verde, em Pádua, na igreja de Santo António é o tributo do povo que o amou e é muito mais do que um lugar de peregrinação e de oração. Através dos séculos, a sua fama espalhou-se por todos os continentes. No dia 13 de Junho de cada ano, Lisboa (onde o santo nasceu) e Pádua (onde viveu e pregou durante parte de sua vida) comemoram igualmente a passagem por este mundo de um português que pregou a fé e morreu em Pádua. Como todos os santos é universal, não pertencendo nem a Portugal e nem à Itália, mas à Igreja.

(Adaptado para o português do Brasil – retirado de: http://www.leme.pt)

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comentário(s)

  1. Severina Bezerra de Albuquerque disse:

    Sou devota de Santo Antônio,agradeço todas as graças,intercedidas pelo glorioso santo, ao nosso Senhor Jesus Cristo que vive er eina para sempre. Se milagres tu procuras pede logo a Santo Antônio, foge dele as desventuras o medo os males e os demônios, torna manso o mar das prisões quebra as correntes, bens perdidos faz achar e dá saúde aos doentes. Meu filho mais velho estava desempegado há mais de dez anos, quando uma amiga de trabalho me vendo desesperada, aflita, angustiada, me convidou para assistir a missa de Santo antônio. Eu imediatamente aceitei o convite, e graças a Deus meu filho logo após algumas semanas conseguiu o emprego tão esperado. Por isso agradeço primeiramente ao nosso Deus Onipotente que vive, vive e reina para sempre, e ao nosso glorioso Santo Antõnio, nosso confessor e doutor que sempre interceda por todos nós e que aumente nossa fé dia após dia, para que seu nome seja glorificado para todo o sempre. Amém. Louvado seja nosso Deus. Para sempre seja louvado. Severina Bezerra de Albuquerque.

  2. Gostaria muito de ver alguns biografos de Santo Antonio de Padua ou de Lisboa se fosse possivel colocar alguns desses biografos de Santo Antonio de Padua ou de Lisboa na INTERNET, desde já fico muitissimo agradecido de coração

  3. Santo Antonio de Pádua ou de Lisboa é o meu
    fiel Protetor, eu já faço a novena e a
    trezena de Santo Antonio de Pádua a vinte e
    dois ( 22 ) anos initerruptos. Na Igreja de
    São Francisco de Assis em Pará de Minas.MG.

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